Alegoria do «grande escândalo», apóstrofe, ironia:
"Antes, porém, que vos vades, assim como ouvistes os vossos louvores, ouvi também as vossas repreensões. Servir-vos-ão de confusão, já que não seja de emenda.
A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós é que vos comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos-mal."
Anáfora, séries paralelísticas (plurimembrações), ironia, apóstrofe, antítese, interrogação retórica:
"Vedes todo aquele bulir, 
vedes todo aquele andar, 
vedes aquele concorrer às praças e cruzar as ruas, 
vedes aquele subir e descer as calçadas, 
vedes aquele entrar e sair sem sossego?"
Alegoria, anáfora, séries paralelísticas (plurimembrações), antítese, ambiguidade, ironia:
"Comem-no os herdeiros, 
comem-no os testamenteiros, 
comem-no os legatários, 
comem-no os acredores; 
comem-no os oficiais dos órfãos, os dos defuntos e ausentes; 
come-o médico, que o curou ou ajudou a morrer; 
come-o o sangrador que lhe tirou o sangue; 
come-o a mesma mulher, que de má vontade lhe dá para mortalha o lençol mais velho da casa; 
come-o o que lhe abre a cova, o que lhe tange os sinos, e os que, cantando, o levam a enterrar; 
enfim, ainda o pobre defunto o não comeu a terra, e já o tem comido toda a terra (thésis)."
"Come-o o meirinho, 
come-o o carcereiro, 
come-o o escrivão, 
come-o o solicitador, 
come-o o advogado, 
come-o o inquiridor, 
come-o a testemunha, 
come-o o julgador, 
e ainda não está sentenciado, já está comido (thésis)."
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